Deus visitou o seu povo

2016-06-05 07.47.42 (1)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A dimensão profética percorre a liturgia da Palavra deste domingo, em Elias, o profeta da esperança e da vida, em Paulo, o profeta do Evangelho recebido de Deus, e, particularmente, em Jesus, o grande profeta que visita o seu povo em atitude de total oblação.

Primeira Leitura (1Rs 17,17-24): A primeira leitura apresenta-nos a figura da mulher de Sarepta, que significa a perda da esperança e o sentimento de derrota e de procura de um culpado, e a figura do profeta Elias, que acredita no Deus da vida, que não abandona o homem ao poder da morte, ressuscitando o filho da viúva.

Salmo Responsorial (Sl 29): O salmo responsorial destaca também o valor da vida, que Deus dá.

Eu vos exalto,/ ó Senhor,/ pois me livrastes,/ e preservastes minha vida da morte!

Segunda Leitura (Gl 1,11-19): Na segunda leitura, acolhemos a absoluta gratuidade da conversão de Paulo, para quem o Evangelho é uma força vital e criadora, que produz o que anuncia; a sua força é Deus. É uma força vital, uma dinâmica profética que ele recebeu diretamente de Deus.

Evangelho (Lc 7,11-17): No Evangelho, temos a revelação de Deus expressa na atitude de piedade e compaixão de Jesus no milagre da ressurreição do filho da viúva. Deus visita o seu povo em Jesus, “um grande profeta”, realizando o reino pela ressurreição, oferecendo a sua vida e dando-lhe pleno sentido.

Deus visita o seu povo

Em Israel, no tempo de Jesus, não havia situação pior que a da viúva. Tinha de se virar sozinha para se sustentar a si mesma e a seus filhos. Estes, por sua vez, eram a esperança de sua velhice, pois, ainda crianças, já podiam ajudar um pouco, e mais tarde cuidariam dela. A 1ª  leitura e o evangelho nos contam como respectivamente Elias e Jesus ressuscitam um filho de uma viúva: Elias, com muito trabalho; Jesus, com um toque de mão. Se Elias era um “homem de Deus”, um profeta, Jesus é o “Senhor”, e o povo exclama: “Um grande profeta nos visitou! Deus visitou o seu povo!”

Esta visita de Deus a seu povo é muito peculiar. Quando um governador ou presidente visita uma cidade, dificilmente vai parar para se ocupar com um cortejo de enterro que casualmente cruza seu caminho. Vai ver o prefeito, isso sim. Mas o Filho de Deus se torna presente à vida de uma pobre viúva que está levando seu filho – sua esperança – ao enterro. Deus visita os pobres e os pecadores: a viúva, Zaqueu … Aqueles que são abandonados pelos outros. Em Jesus, Deus nos mostra o caminho que conduz aos marginalizados.

Assim é o sistema de Deus, diferente do nosso. Enquanto nós gostamos de investir naqueles que já têm poder e influência, Jesus começa com aqueles que estão à margem da sociedade. O Reino de Deus começa na periferia. E revela-se um Reino da vida para os deserdados.

A visita de Deus deixa seu povo também com a “responsabilidade da gratidão”. O povo espalhou a fama de Jesus por toda a região. Mostrou que soube dar valor à visita que recebeu. A Igreja terá de celebrar a mesma gratidão por Deus, que faz grandes coisas aos pequenos. Muitos ainda não são capazes disso. Não se sabem alegrar com a visita de Deus aos pequenos. Por isso lhes escapa a grandeza da visita. Mas, afinal, quando é que sentimos Deus mais verdadeiramente próximo de nós: ao se realizar uma grande solenidade, ou quando um gesto de amor atinge uma pessoa carente?

Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes

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